Nossas muitas fomes. Do meu cômodo posto de observadora - e o duro posto de cidadã, onerada de altíssimos impostos, contas a pagar, perplexidade e insegurança, e otimismo anêmico, quero expandir o conceito de fome.. A fome, as fomes: de dignidade, a essencial. De casa, saúde e educação, as básicas. Mas - não menos importantes - a fome de conhecimento, de possibilidades de escolha. Fome de confiança, ah, essa não dá para esquecer. Poder confiar no guarda, nas autoridades, nos pais e no país, e também nos filhos. Em nós mesmos, se nos acharmos merecedores. Confiar em quem votei, e em quem não recebeu meu voto: ser digno não é vantagem, é obrigação básica. Andamos tão desencantados, que ser decente parece virtude, ser honesto ganha medalha, e ser mais ou menos coerente merece aplausos.. Fome de conhecimento: não é alfabetizado quem apenas assina o nome, mas quem assina o que leu e compreendeu. De outro modo, perigo à vista. Não cursa uma verdadeira escola quem dela sai ...